História

História do Castelo Simões Lopes cada vez mais viva

No Dia do Patrimônio, 19 de agosto, poderão ser feitas visitas guiadas no interior do edifício

Paulo Rossi -

A pessoa não precisa ser uma saudosista para enxergar a beleza nos traços do prédio erguido na década de 1920 na avenida Brasil, número 824 no bairro Simões Lopes, em Pelotas. Também não é necessário ser um aficionado por história para lamentar o estado do prédio. O Castelo Simões Lopes é peça fundamental para entender e para saborear a história de Pelotas a partir de sua arquitetura. Quem deseja conhecer todo o espaço terá uma primeira oportunidade no próximo dia 19, com visitas guiadas no Dia do Patrimônio. A partir do dia 26, pátio funcionará como uma espécie de parque aberto para a população.

Desde o início do ano passado, o prédio, adquirido pelo município em 1991, está cedido ao Instituto Eckart através de uma parceria público privada (PPP) até 2032, com a possibilidade de renovação por mais 15 anos. Com sede em Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, o órgão venceu o edital com previsão para dar um uso criativo e restaurar o edifício. A proposta consiste em transformar o Castelo num centro cultural e aproveitar o jardim histórico para que a população aproveite o espaço como um parque.

Ontem, homens roçavam o pátio e retiravam lixo e entulhos para limpar o interior do Castelo. Entre vidros quebrados e pedaços de madeira, são separadas peças que podem recompor esta históriado local.

"Todos estes materiais são catalogados e servem como subsídio para o projeto de restauração do prédio", explica a arquiteta Simone Neutzling, mostrando alguns pedaços de vidro que antes compunha uma claraboia no teto da entrada principal do prédio.

Nova história para ser construída
Aos olhos de quem pisou no local ainda tomado pelo mato e em completo estado de abandono, como é o caso da arquiteta, já há uma nova visualização de todo o espaço a partir da limpeza. "Era comum encontrarmos moradores de rua, usuários de droga. Com a equipe trabalhando, já vemos crianças brincando. Isso já mostra a maior salubridade e segurança na visão da população do entorno", comenta Simone.

Morando há doze anos na avenida Brasil, a comerciante Bianca Fagundes percebe a cada dia diferenças, seja na obra e na utilização do prédio. Para os moradores do entorno, avalia, o prédio ter uma utilidade é benéfico para toda a comunidade. "Isso também vai valorizar o nosso bairro. Um prédio tão bonito assim não podia ficar abandonado", opinou a vizinha.

Primeiras intervenções
O trabalho começa pela parte externa. Nos fundos do edifício, onde funcionou uma garagem, será instalado o escritório de administração do empreendimento. Em três salas, destinadas ao Instituto Eckart, será elaborado o projeto de restauro e a busca por recursos para financiar a parte restante da obra.

Uma equipe trabalha na limpeza de todo o pátio - a área total é de 5,4 mil metros quadrados - com roçado e preservação de espécies nativas. Esta área externa funcionará como um parque aberto para a população, indica a diretora de projetos do Instituto, Clarice Ficagna.

"Queremos fazer feiras com artesanato, produtos orgânicos, e transformar num espaço que a população possa vir tomar chimarrão, trazer crianças para brincar e fazer eventos ao ar livre", planeja. Estas primeiras interferências na propriedade custaram em torno de R$879 mil, financiado por empresas locais. Tapumes serão instalados nos acessos ao edifício e nos muros laterais, que serão reconstruídos. Os tapumes ficarão nas aberturas para preservar a possibilidade de observação dos detalhes arquitetônicos da construção.

No dia 26, um evento de apresentação será realizado no local para mostrar o projeto para toda a comunidade. A estimativa do órgão para a restauração completa de todo o pátio e do prédio é superior a R$8 milhões.

Integrante do Dia do Patrimônio
No dia 19, o Castelo estará inserido na programação do Dia do Patrimônio, marcado para aquele final de semana. Entre às 14h e 17h haverá visitas guiadas no interior do edifício contando um pouco da história do espaço para visitantes.

História permanente
O prédio, com 1,2 mil metros quadrados, tem o interior deteriorado pela falta de cobertura em algumas peças. A edificação pertenceu ao senador Augusto Simões Lopes e chegou a receber autoridades como Washington Luís e Getúlio Vargas. Construído entre 1920 e 1923, o Castelo Simões Lopes está localizado na avenida Brasil, 824. Foi adquirido pela prefeitura em 1991 e tombado pelo Estado através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (Iphae). Com estilo eclético, a construção lembra características de castelo em função das ameias (aberturas na parte superior do edifício utilizada em castelos e fortes para avistar e se proteger). Segundo informações, teria sido a primeira casa particular com energia elétrica em Pelotas.

O projeto
O projeto prevê a instalação de um espaço gastronômico, locais destinados a atividades culturais e educativas, como salas multiuso, além de orquidário e jardim.

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